Era um jovem sonhador, feliz. Adorava sentir o vento alisar
seu rosto enquanto pedalava com as mãos soltas, imaginava-se voando entre as
nuvens. Possuía aquela alegria que apenas as crianças parecem possuir no mundo
de hoje.
Todos os dias pela manhã como todos desse mundo cão, ia
cumpri suas obrigações. Achava um tanto quanto tão banal tudo aquilo.
- Bom dia – dizia ao empresário de terno e gravata que o
ignorava com pressa.
Não entendia aquele corre-corre ao seu redor. Tantas
pessoas, a largos passos, sem chegar a lugar nenhum. Gostava de sentar no banco
da pequena praça, e alimentar os pombos. Eles não corriam, pelo contrario,
voavam. Eram livres para isso.
No ônibus na volta pra casa, seu sorriso parecia único em
meio a rostos tristes, cansados. Lembrou que certa vez havia visto um filme de
zumbis ( o que lhe rendera vários pesadelos) , e era exatamente isso que lhe
parecia. Riu ao pensar aquilo.
Descendo do ônibus ao passar por um loja viu aquele nariz de
palhaço estampado na vitrine. Veio uma vontade súbita de compra-lo, mesmo
nutrindo certo medo de palhaços. Retirou suas moedas e comprou meia dúzia
daquele item. Tinha uma ideia do que fazer daquilo.
No dia seguinte enquanto sua mãe preparava o café apressada
para sair para mais um dia de trabalho, ele surgiu na cozinha com aquele nariz
de palhaço, arrancando um sorriso que há muito não via sua mãe soltar. Objetivo alcançado. Após refletir bastante
sobre todos aqueles corpos que caminhavam como zumbis pelas ruas e avenidas,
surgiu-lhe a ideia de fazê-las nem que seja por um simples momento sorrir. E
que melhor forma do que usando um nariz de palhaço?
Partiu seguindo seu caminho, sorrisos estampavam rostos ao
seu redor. Não sabia se o achavam ridículo, ou se achavam interessante, engraçado.
Não importava, queria apenas ver aqueles rostos tristes ganharem brilho e
felicidade. Aos interessados distribuía
os outros narizes. Qualquer simples sorriso tinha uma sensação de dever
cumprido. E continuou a fazer isso durante aqueles dias, pitando com sorrisos
aquelas pessoas tão tristes.
Certa vez ofereceu um nariz daqueles para uma moça que
bradava contra o cobrador que lhe passara por engano o troco errado. A mulher
brava, pegou o nariz e jogou no chão, mandando-o sair de seu caminho. O jovem
sentou-se cabisbaixo na sua poltrona, e lágrimas sinceras, quão raras tem se
tornado elas, escorreram-lhe pelo rosto. Começou a pensar o quanto inútil era tudo
aquilo.
Em casa num ato de desespero, jogou todos seus narizes pela
janela. Decidira não fazer mais nada para mudar aquilo. Tinha perdido a fé.
O destino tem dessas coisas, um médico de um hospital
próximo passava pela rua naquele momento.
Encontrou aqueles narizes de palhaço espalhados pela rua. Ele trabalhava
com crianças que tinham câncer. Lembrou-se daquele filme, de um medico maluco
dos Estados Unidos que usava um nariz de palhaço para alegrar seus pacientes,
foi então que lhe surgiu uma ideia; iria colorir um pouco aquele ambiente cinza
em que vivia.
Que texto é esse? que magia é essa? Quanta sensibilidade nesses escritos Emocionei.
ResponderExcluir"Não sabia se o achavam ridículo, ou se achavam interessante, engraçado. Não importava, queria apenas ver aqueles rostos tristes ganharem brilho e felicidade."
Uma das coisas mais significativas nessa vida é fazer o outro sorrir, e não importa se você está sendo ridículo... (o palhaço tem disso).
Esse menino lindo que gosta do carinho do vento fez um grande feito... e é bem provável que com o tempo ele perceba isso.
Quando estava lendo seu texto eu lembrava dos trabalhos dos Doutores da Alegria e com os seus narizes deixa o ambiente hospitalar mais colorido. O nariz é como um escudo pro palhaço se defender da amargura da vida.
Texto lindo!!!!
Mt obrigado Rô, tinha um bom tempo q n escrevia e enfim... Comentários como o seu me motivam rs
ResponderExcluirBeijo