Sim, eles estavam lá embaixo daquela arvore mais uma vez,
mas algo havia mudado, anos haviam se passado. Os raios de sol que passavam por
entre as folhas os tocavam delicadamente, dali a alguns minutos ele já não
estaria mais a iluminar aquele lugar. Filmes de tempos atrás se passavam
naquelas mentes.
Foi ali que se beijaram pela primeira vez, quando ainda eram
crianças. Ela alimentava seus sonhos, via-o como um príncipe dos contos de
fadas que sua mãe lia as noites antes de dormir. E neste sonho ele a salvava dos perigos daquele reino, e
vivia com ela em seu gigantesco castelo. Ele por outro lado tinha a mocinha de
seus sonhos, tinha por ela um sentimento tão puro. Mas foi ali em seu mesmo que
certa vez ele a negou em frente aos seus amigos.
-Tá namorando, tá namorando- era o coro, e ele bradou que
nem sabia quem era essa garota.
Ela então derramou lagrimas, que fizeram seu rosto brilhar e
pôs-se a correr. Sua vontade era ir atrás dela, mas não podia deixar-se abalar
em meio a seus amigos. Também chorava, mas não derramava lagrimas, afinal
aprendera com o pai que homens de verdade não choram.
Eles foram crescendo, e foi ali mesmo que descobriram os segredos
do amor. Ela tinha medo. Ele também, no entanto não aparentava, tinha que
mantê-la segura. E a manteve por entre seus braços. Sua mão viaja por cada
centímetro daquele corpo. Ela se sentia segura, seu medo ia embora, e
agora já podia entregar-se aos prazeres do amor, e se entregou a ele. Suas
unhas serravam-lhe as costas com mesmo vigor que ele entrava nela. A dor
inicial dava lugar ao deleite, e eles pareciam estar dançando passos de balé
naquela superfície verde. Emanavam como animais um canto de prazer e gozo,
ouvido pelos pássaros, únicos observadores daquela cena.
Tantas coisas haviam vivido ali, e agora olhavam para trás e
não entendiam como as coisas haviam mudado. Como a vida havia sido tão implacável.
Pararam ali em silencio por alguns minutos, que mais pareceram horas, seus olhares
fixos ainda possuíam resquícios do fogo daquela paixão. Suas vontades eram de agarrem-se ali mesmo e
se entregarem, como haviam feito tantas vezes naquela grama. Mas sabiam que a
vida não era uma novela, nem tão pouco um conto de fadas como aqueles que a mãe
dela lia quando criança. E sem trocar nenhuma palavra ela virou-se, com
lagrimas nos olhos e partiu, o deixando só. Ele teria lutado, gritado, bradado,
mas agora estava cansado, e aceitou o “destino” que estava lhe reservado...
"Passou anos e anos na floresta, andou léguas e léguas sobre as folhas. Construiu sua casa feito ninho, beijou sua mulher perto das nuvens... ♫"
ResponderExcluirGostei do texto ! Parabéns ! Não sabia que estava te seguindo ! ^^
ResponderExcluir"E sem trocar nenhuma palavra ela virou-se, com lagrimas nos olhos e partiu, o deixando só"
ResponderExcluireu acho que as vezes a gente guarda tanta coisa, tanta palavra não dita, que um dia tudo meio que perde o sentido. e o que não foi dito faz falta. e é como se não valesse mais a pena...
adoro seus textos, Jojo! bjbj