-Mãe, eu não quero esse
carro pequeno, quero aquele grande ali ó - dizia a criança esboçando um choro
daqueles.
A mãe tentava acalmar a
criança que sentou no meio da loja de braços cruzados e com lagrimas nos olhos
e se negava a sair dali sem o brinquedo tão desejado. A esta altura chegava um
homem, bem vestido, com os habituais terno e gravata, para se juntar aquela
cena. Imaginei ser ele o pai da criança, além de empresário. Depois de alguns
minutos de uma conversação que parecia incessante, e havia tirado minha atenção
dos CDs e DVDs que “foleava” na prateleira da loja, o casal saiu, junto com o
garoto, segurando seus dois pacotes (o carro pequeno, e o grande por qual tanto
insistiu) rumo ao carro, este maior ainda, importado do outro lado da rua.
Era véspera da véspera
de Natal, e todas as lojas daquele centro comercial encontravam-se repletas de
gente, e enfeitadas com aquelas decorações clichês desta época. Muitas cores
fortes, e promoções a perder de vista. Isso só aumentava minha repulsa a esta época
que nunca fui fã. Acho que é porque na infância minhas cartas para Papai Noel
nunca tinham respostas, por mais que na TV os filmes de fim de ano mostrassem o
contrário.
Peguei meu CD, que
tanto demorei para escolher, e fui para a fila gigante do caixa que aumentava a
cada minuto que se passava. Odiava pegar fila, mas como eu não tinha pressa naquele
dia esperei pacientemente.
- ...aff, eu não
suporto aquela perua. Só imagino que vestido ela vai usar amanhã na ceia, dessa
vez encomendei o meu para ela não imitar novamente.- falava enquanto uma outra
mulher ouvia atentamente.
- Mas não é amiga, ela
é muito cínica. Se eu fosse você...- a mulher com quem falava a cutucou com o
cotovelo para que parasse de falar.
- Olha, ela vem ali.- preveniu
a companheira.
-Oi amiga, quanto tempo,
que saudade de você...
Neste momento havia
chegado minha vez de ser atendido, e deixei de observar as mulheres que se
abraçavam e se beijavam aproveitando o clima natalino.
